ESG, economia circular e exemplos no Brasil e na Eslovênia

Colocando em pauta o ESG, um dos assuntos mais relevantes da atualidade, o Slobraz Talk contou com a presença da diretora-presidente da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) — Dra. Patrícia Iglecias — para discutir o tema “Economia circular e boas práticas Brasil-Eslovênia”.

Iglecias, que também é professora associada na Faculdade de Direito da USP, iniciou a conversa destacando a importância de reunir academia, políticas públicas e empresas para facilitar a aplicação das pesquisas científicas na prática. Esse, aliás, é o propósito do NAP (Núcleo de Apoio à Pesquisa), da qual ela faz parte e que reúne a USP, a Cetesb e o setor privado, com ações voltadas para a agenda ESG e para a economia circular.

O ESG, Environmental, Social and Governance, refere-se às melhores práticas de uma organização no que diz respeito às questões ambientais, sociais e de governança, conforme anuncia a sigla em inglês. O termo vem ganhando popularidade nos últimos anos, especialmente porque tem sido relacionado aos resultados, à competitividade e à imagem das empresas. De uma maneira geral, corresponde ao modo como as organizações devem agir, considerando seus impactos sobre a sociedade e o meio ambiente.

A agenda ESG tem ocupado um papel cada vez maior nas atividades da Dra. Patrícia. Na próxima semana, ela será uma das palestrantes da Cúpula de Líderes do Pacto Global da ONU, e essa abordagem crescente do ESG, segundo ela, é importante não só para olhar a questão do meio ambiente, mas das pessoas, das atividades econômicas e especificamente no caso do Brasil, buscar um equacionamento com a inclusão social. No que diz respeito aos resíduos, deve-se manter o grande objetivo: prevenção, destinação e disposição atrelados aos negócios. 

Da mesma forma, a economia circular é um assunto constantemente em pauta, e que tem um papel fundamental dentro do ESG. Segundo a Dra. Patrícia, “a economia circular permeia todos os elementos. Temos de olhar para questões, que anteriormente eram vistas como problemas, como soluções. Olhar não só como processos produtivos lineares, mas circulares, que envolvem desde o design dos produtos até sua relação com as matérias-primas e resíduos. Percebendo como eles podem ter um maior aproveitamento, ou seja, uma utilização e uma geração de atividades econômicas de uma forma mais ampla”.

Iglecias lembrou que já existe uma legislação no Brasil com a ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento e disposição final. No entanto, na prática, o que se vê é toda uma cadeia, que poderia ser aproveitada, sendo deixada de lado, passando-se direto para a disposição final.

As ações realizadas pela Cetesb foram apresentadas de forma didática pela diretora- residente, que ressaltou os desafios, entre os quais o controle e o consumo de CDR (Combustível Derivado de Resíduo), e os ganhos obtidos recentemente: a logística reversa atrelada ao licenciamento, ou seja, as empresas que não realizam a logística reversa, não conseguem renovar sua licença ambiental no estado; o Acordo Ambiental São Paulo, que auxilia empresas, que aderem voluntariamente ao acordo, a desenvolver ações voltadas à redução de emissões e à agenda do clima e, no setor sucroenergético, o caso da queima da palha da cana.

A Cetesb completará em breve 53 anos de existência, do início na área de saneamento, ela evoluiu e atualmente seu foco é no ESG, no tema de governança, na forma como se deve trabalhar toda a questão de sustentabilidade, interna e externamente. “Essa é a lógica com a qual a Cetesb tem trabalhado: eficiência na licenciatura atendendo ao tempo do negócio”, diz a diretora-presidente.

A ligação com a Eslovênia surgiu em 2018, quando Iglecias estava à frente da Superintendência de Gestão Ambiental da USP, conduzindo o programa Cidades do Pacto Global da ONU. Em visita a Liubliana, capital do país, ela visitou uma empresa para verificar como funcionava a gestão de resíduos sólidos. Como um dos poucos países no mundo a destinar apenas 5% dos resíduos a aterros, a Eslovênia é certamente um exemplo a ser seguido. No entanto, para Dra. Patrícia o sucesso na gestão é resultado não só do desenvolvimento de sistemas necessários para realizar a destinação e separação, mas de um trabalho com as pessoas, criando uma cultura para gerar menos resíduos.

O presidente da Slobraz, Matjaž Gokan, relatou que décadas atrás a Eslovênia também não se encontrava na posição de destaque que ocupa hoje, os cidadãos jogavam o lixo nas ruas e nas florestas também. O que foi feito pelo governo, foi um trabalho de educação, nas escolas de ensino fundamental.

Respondendo às perguntas dos participantes, Dra. Patrícia falou sobre reatores de pirólise, com projetos já aprovados pela Cetesb; o papel do consumidor na sustentabilidade e o trabalho realizado no rio Pinheiros, como um incentivo ao projeto Parque Capiberibe, no Recife, apresentado por Francisco Cunha.

O presidente emérito e diretor da SGBN, Štefan Bogdan Barenboim Šalej, ressaltou a importância da discussão do ESG, para mudar as atitudes, tanto dos empresários quanto dos cidadãos.

O encontro online teve a mediação do cônsul da Eslovênia em Pernambuco, diretor regional da Slobraz e presidente do Iperid – Instituto de Pesquisas Estratégicas em Relações Internacionais e Diplomacia Rainier Michael e contou com o apoio da Slovenian Global Business Network (SGBN), da Embaixada da Eslovênia no Brasil, da União dos Eslovenos no Brasil e da Iperid.

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