A Conferência Virtual de Negócios Agritech / delegação econômica, realizada pela Câmara de Comércio Eslovênia-Brasil (Slobraz) reuniu empresas e instituições dos dois países – que têm como foco soluções sustentáveis e inovadoras no campo ou em torno da cadeia alimentar –, com o objetivo de estabelecer contato comercial e promover a cooperação nos negócios entre elas.
O evento reuniu cerca de 20 empresas, além de contar com a participação do Dr. Cleidson Nogueira Dias, da Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária –, instituição pública de pesquisa ligada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, e teve o patrocínio da Embaixada da Eslovênia no Brasil, da Spirit Slovenia e do Ministério do Desenvolvimento Econômico e Tecnologia da Eslovênia, com a organização e mediação de Mateja Perovšek Ciuchini, da Slobraz.
A abertura foi realizada pelo presidente da Slobraz, Matjaž Cokan, que destacou o Brasil como uma das grandes potências na agricultura, assim como a importância da tecnologia eslovena. Na sequência, instituições falaram um pouco do trabalho realizado por elas em prol do desenvolvimento do setor, seguido pelas empresas eslovenas e brasileiras atuantes no agronegócio.
Vocational College Šentjur Slovenia – Representada pelo diretor Branko Šket, essa escola centenária, cuja primeira aula foi dada em janeiro de 1910, orienta e educa jovens para trabalhar em ocupações em toda a cadeia alimentar, dando especial importância, nos dias atuais, à tecnologia agrícola e à sustentabilidade.
Instituto iCorps Brasil – Organização que atua na área de inovação com o intuito de criar, capacitar e acelerar startups inovadoras. O CEO do instituto, Dr. Flavio Grynszpan, apresentou o trabalho realizado pelo iCorps, na qual já passaram mais de 600 startups. Atualmente, estão com 85 startups ligadas à ciência, uma delas é a Biolinker, e 50 delas são de agrobusiness.
Movimento Agroligadas – Elaine Lopes da Silva, fundadora da Leisor, empresa líder em serviços regulatórios do Brasil, que foi adquirida recentemente pela Staphyt, destacou o Movimento Agroligadas, que começou em 2018 com o intuito de ser uma ponte entre o campo e a cidade, promovendo seu entendimento e a maior participação das mulheres.
Embrapa – O analista da Secretaria de Inovação e Negócios da instituição, o Dr. Cleidson Nogueira Dias, falou sobre o papel da Embrapa na viabilização de soluções de pesquisa e desenvolvimento para promoção de inovação e sustentabilidade. No ecossistema de inovação agrícola, eles trabalham em parceria com universidades, startups e investidores e atualmente estão trabalhando em mais de 100 corporações agritech. O objetivo é fomentar inovações para a população, que vão do desenvolvimento de insumos e equipamentos, passando por métodos mais eficientes de plantio e colheita até melhorias na distribuição de alimentos ao consumidor final.
Empresas eslovenas:
Satilu – Jožef Meh Star Drop, CEO da empresa, apresentou a comunidade criada há 10 anos, onde vivem 50 famílias de forma autossustentável. Utilizando o sistema aquapônico, que integra o cultivo de peixes e hortaliças, a “Eco Village of the Future” é uma nova maneira de produzir alimentos e de viver, poupando 95% de água em relação a outros sistemas, não usando pesticidas ou outros produtos químicos, e produzindo energia 100% renovável.
Trapview Solution – Uroš Kravos mostrou como a solução que envolve inteligência artificial pode ajudar a monitorar, em tempo real, o campo, para controle de pragas, a fim de minimizar o impacto nas plantações. Presente em mais de 40 países, no Brasil a empresa está localizada em Campinas, e atende principalmente os agricultores de tomate, algodão, soja, uva, maçã, entre outros.
AquaLink – O diretor Jani Jordan apresentou o sistema de monitoramento que permite que as concessionárias de serviços públicos tenham controle de sua rede de água, detectando problemas de vazamento rapidamente, cuidando assim de um recurso vital para a humanidade. A empresa, que começou em 2005, desenvolve e produz tecnologia para o gerenciamento de água na área de serviços públicos de água, indústrias e irrigação.
Roto Group – Nuša Pavlinjek é a diretora desta empresa familiar eslovena com mais de 70 anos no mercado, oito indústrias e mais de 4 mil produtos, a maioria para a agricultura. A preocupação com o meio ambiente fez com que desenvolvessem uma linha ecológica com sistemas de coleta de água de chuva, para irrigação e para abastecer os animais, e de tratamentos de água.
Empresas brasileiras:
BioLinker – Startup criada na Eslovênia, em 2017, com sede no Brasil, atua na área de biotecnologia. Os dois produtos da BioLinker ligados ao agritech são os bioconservantes e as proteínas para as indústrias de engenharia genética. O CEO da startup, Sandi Ravbar, explicou o trabalho da BioLinker para o desenvolvimento de um bioconservante natural que deve substituir os conservantes químicos, tão prejudiciais à saúde humana. O outro produto é uma proteína que elimina o uso de pesticidas nas plantações.
Agttec Inovação – Companhia focada na criação e desenvolvimento de ingredientes vegetais, equipamentos e insumos para laboratórios, que sejam sustentáveis e de cadeias rastreáveis. A ideia, segundo o gerente de Marketing, Sérgio Carlos Gonçalves, é provocar o menor impacto no processo de produção.
Fine Instrument Technology (FIT) – O CTO, Daniel Consalter, apresentou a empresa, fundada em 2005, que desenvolve e fabrica equipamentos e soluções utilizando a Ressonância Magnética Nuclear. Atualmente as soluções da FIT estão presentes em 20 países e o SpecFIT usa a RMN para medir a qualidade dos grãos, sementes, frutas, entre outros, de forma rápida e prática, importante para controle dos processos, validação e tomada de decisão.
Ecological Food – A bióloga e fundadora da companhia, Dra. Patricia Milano, mostrou como a produção de insetos, especialmente da farinha de grilo, pode servir como uma fonte de proteína sustentável para a alimentação animal e humana. As pesquisas continuam avançando, voltadas para o aumento do valor nutricional dos insetos e adaptações na linha de produção para a alimentação humana, por exemplo em hambúrgueres, salsichas e pães.
Café Renovo – Mariselma Sabbag, CEO da empresa, herdou do pai a paixão pelo café. Há cinco anos ela cofundou a Café Renovo, no sul de Minas Gerais, região com clima e relevo ideais para o plantio, que contribui, junto com as constantes pesquisas, para tornar o café da Renovo diferenciado. A empresa oferece grãos de café verde e torrado, cápsulas e drip coffee, e seu papel é no pós-colheita, buscando melhorar a qualidade do café e contribuindo com pequenos produtores, principalmente mulheres. Mariselma faz parte também do Grupo Mulheres do Brasil, uma organização que busca a equidade de gênero, combate a violência rural contra as mulheres e se preocupa com questões como ESG, educação e conectividade.
QueenNut Macadamia Brasil – Segundo a diretora administrativa, Maria Teresa Camargo, a empresa, fundada em 1986, utiliza o processo de plantio regenerativo desde 1989. A agricultura regenerativa além de promover o plantio recuperando o solo, uma vez que não utiliza pesticidas e fertilizantes, busca trazer mais sustentabilidade para toda a cadeia de produção agrícola, com o uso de energia solar e o investimento em soluções como o controle de pragas nas macadâmias, desenvolvido em parceria com a Embrapa.
Noviga Partner (NVG) – Henrique R. Mascarenhas, cofundador da empresa explicou a importância de ingredientes inovadores para uma indústria alimentícia mais saudável. A NVG trabalha em parceria com universidades, institutos de pesquisa, startups e empresas do setor de alimentos para encontrar soluções mais saudáveis, como por exemplo o microencapsulamento de ingredientes, que pode ser usado na produção de pães, biscoitos recheados e chocolates, livres de gordura trans e com baixo teor de gordura saturada.
NCB Sistemas Embarcados – De acordo com o CTO e fundador, Dr. Fernando Nicodemos, o uso de controle biológico no combate de pestes, além de ser mais efetivo do que os uso de produtos químicos, é mais sustentável. No entanto, a aplicação manual dificulta o processo, por isso a NCB oferece sistemas automatizados por meio de drones.
Rubian Extratos – Nascida dentro da Unicamp, a empresa, segundo Eduardo Aledo, sócio-fundador, trabalha com elementos naturais brasileiros, por exemplo, urucum e jabuticaba, para produção de extratos vegetais ricos em bioativos, que serão usados na indústria alimentícia, suplementos e cosméticos. Para tanto, utilizam processos limpos e sustentáveis.
Inprenha Biotecnologia – Desde 2008, a empresa de base biotecnológica, atua no segmento de reprodução animal. O Dr. Marcelo Roncoletta, chefe de pesquisa e produção, destacou o produto principal da companhia, a Tolerana, proteína capaz de aumentar as taxas de concepção em bovinos.
Geplant – Oferece soluções digitais para aumentar o valor no campo por meio de um manejo florestal responsável, unindo conhecimento, inovação, competitividade e sustentabilidade, segundo o diretor de tecnologia e inovação, Arthur Vrechi.
Assista ao vídeo do evento no canal do YouTube da Slobraz. Idioma: inglês. Duração: 181 minutos.