O trabalho da Biolinker no combate à Covid-19

Vivemos tempos difíceis. O novo coronavírus ou Sars-Cov-2 é sem dúvida a maior ameaça à saúde global que enfrentamos em décadas e tem trazido inúmeros desafios a todos. Para alguns ainda mais, como os profissionais da área científica, que trabalham dia e noite tanto na busca de uma vacina ou medicamento que cure a Covid-19, quanto em soluções emergenciais para demais situações relacionadas a ela. Este é o caso de uma das associadas da Slobraz, a empresa Biolinker, que atua na área de biotecnologia e desenvolveu testes de Covid-19 para fazer o diagnóstico em massa. 

A importância dessa iniciativa está na identificação dos casos de modo rápido e confiável, o que significa mais chances de brecar a pandemia. Atualmente, a morosidade em realizar os testes, seja por falta de insumos ou de equipes para análise, acaba influenciando no real acompanhamento da doença, pois os dados se baseiam em um número muito pequeno de testes. A falta de uma ampla testagem, sobretudo, dificulta o diagnóstico correto, impossibilitando medidas de prevenção mais assertivas, como o isolamento dos infectados pelo Sars-Cov-2. 

A Biolinker, em parceria com a Tovem Biotech e o Instituto de Medicina Tropical da USP, está desenvolvendo dois tipos de teste. O primeiro deles é similar aos importados pelo Governo que funcionam bem em pacientes tardios, ou seja, aqueles infectados há mais de 10 dias. O segundo tipo é um PCR isotérmico que consegue verificar a carga viral antes de o paciente apresentar os sintomas. O grande diferencial desse PCR em relação aos demais encontrados no mercado é a rapidez na entrega dos resultados, que passa de seis horas para apenas uma hora.

O trabalho da Biolinker envolve a produção dos ingredientes, mais especificamente das proteínas, para a realização dos testes. O rastreamento dos contaminados é realizado através de um equipamento portátil usando a saliva do paciente. “A solução entrega o resultado de alta sensibilidade e fácil aplicação, sendo possível distribuir em laboratórios e, dessa forma, reduzir a fila de espera por resultados no país. É uma solução de diagnóstico em massa.”, diz a Dra. Mona Oliveira, PhD em Ciência Biológica e Nanotecnologia; fundadora e CSO (Chief Science Officer) da Biolinker. 

Os testes estão em fase de validação para fins de registro e tem previsão para chegar ao mercado em maio, mês em que a demanda deve crescer, segundo a projeção do Ministério da Saúde de que a doença atinja o pico nesta época. “Os países que tiveram sucesso no controle da pandemia foram aqueles que conseguiram fazer testes massivos”, lembra a Dra. Mona.

Sobre a Biolinker

A Biolinker é uma startup criada em 2017, com sede em São Paulo, e no ano passado foi considerada uma das 500 startups mais promissoras na área científica pela Hello Tomorrow Challenge. Formada por uma equipe de diferentes países, é a companhia brasileira líder em biotecnologia com foco na produção de proteínas recombinantes in vitro. Usando uma tecnologia conhecida como sistema livre de células para síntese de proteínas, a Biolinker produz proteínas recombinantes 100 vezes mais rápido do que os métodos utilizados atualmente. Essa tecnologia auxilia outros laboratórios no desenvolvimento de medicamentos, por exemplo.  Quem está por trás da idealização da empresa é a Dra. Mona Oliveira.

Nascida na Bahia, Mona se formou na Universidade Federal da Bahia em Medicina Veterinária. No entanto, desde cedo desenvolveu paixão pela biologia molecular e pela bioquímica, o que a levou a mudar-se para São Paulo e buscar um doutorado em bioquímica. Foi nessa época que ela conquistou uma bolsa no programa Ciência sem Fronteiras e foi parar no Instituto Internacional Jozef Stefan e National Institute Biology, na Eslovênia, para realizar pesquisas em nanotecnologia e nanociência. Lá ela desenvolveu pesquisas com análise de receptores proteicos em células de câncer – que resultou em um projeto envolvendo o Brasil e a Eslovênia –, e onde deu os primeiros passos para a criação da Biolinker. Em março de 2019, Mona obteve dupla titulação no Brasil e na Eslovênia. 

Texto escrito por Patricia Kisse.

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