A Conferência Virtual de Investimento sobre Economia Circular e Inovação realizada pela Slobraz —Câmara de Comércio Eslovênia-Brasil — mostrou como a Economia Circular vem se destacando no mundo dos negócios. A Eslovênia, um dos grandes exemplos quando se fala no assunto, tem sido representada por empresas-modelo que, por meio de boas práticas, não só nos ensinam como conseguir receita, sustentabilidade e inovação, mas nos incentivam a participar desse círculo a fim de garantirmos um futuro melhor para todos. Outro ponto importante do evento foi a explicação detalhada dos aspectos legais e tributários para aqueles que desejam investir na Eslovênia.
O presidente da Slobraz, Matjaž Cokan, abriu o evento falando sobre a presença da Eslovênia na Economia Circular e as oportunidades de novos negócios que ela traz. Na sequência, o embaixador da Eslovênia no Brasil, mag. Gorazd Renčelj, destacou que entre as prioridades da Eslovênia, como atual presidente do Conselho da União Europeia, encontra-se a transição para a Economia Circular. Ele ressaltou, porém, que apesar do engajamento do governo, das embaixadas e das associações, os reais agentes da transformação são as empresas e os investidores.
A abertura contou ainda com dr. Zoran Stamatovski, MBA secretário da Spirit Slovenia, agência pública da República da Eslovênia, que promove a internacionalização, o empreendedorismo, a tecnologia e os investimentos estrangeiros no país. Dr. Stamatovski apresentou um vídeo mostrando por que a Eslovênia é tão atrativa para investimentos estrangeiros diretos (IEDs), dentre as razões estavam: posição geoestratégica, com acesso para vários mercados; infraestrutura de qualidade; economia estável impulsionada pela exportação e força de trabalho inovativa e altamente qualificada. Destacou ainda o pioneirismo da Eslovênia em Inteligência Artificial, que faz com que o país seja um modelo para outros.
A conferência teve a mediação de Mateja Perovšek Ciuchini, diretora-executiva da SGBN (Slovenian Global Business Network), e foi dividida em quatro painéis:
- Clusters da Economia Circular
- Soluções inovadoras das startups
- Moda na Economia Circular
- Como investir na Eslovênia sob o ponto de vista legal e tributário
No primeiro painel, várias empresas eslovenas apresentaram seu modelo de negócio dentro da Economia Circular.
Nina Meglič – coordenadora da SRIP-Circular Economy (The Strategic Research and Innovation Partnership – Networks for the Transition into Circular Economy), dentro da Câmara de Comércio e Indústria de Štajerska — apresentou as tecnologias que estão sendo desenvolvidas no campo da Economia Circular e que fazem parte da “Slovenian Smart Specialisation Strategy (S4)”. Estratégia que engloba os três campos nos quais a Eslovênia pretende se destacar nos próximos anos: circular, digital e indústria 4.0.
Por se tratar de um projeto de longo prazo, são várias áreas a serem trabalhadas. A primeira delas refere-se à energia sustentável, com a abordagem de três tecnologias: desperdícios de energia, optimização do uso de energia e fontes de energia renováveis. As demais são: biomassa; matérias-primas secundárias; materiais funcionais; processos e tecnologias; modelos de negócio circulares, com foco na transformação de negócio linear para o circular.
Marja Bizjak – gerente de vendas da International Investment Corporation of America’s, organização formada pela Global Environment Development, pela Invercoop e pela T-Contruye Proyectos. Com foco na América Latina, a organização se dedica há mais de 20 anos em representar produtos e tecnologias inovadoras que buscam melhorar o meio ambiente. Trabalham com projetos nos setores de energia, indústria, construção e imobiliário.
Vladimir Gumilar – diretor da Construction Cluster of Slovenia e coordenador do projeto ICBuild. Desde 2004, o projeto tem apoiado companhias do setor de construção a se tornarem mais inovadoras, promovendo o desenvolvimento de negócios digitais e sustentáveis. O intuito do projeto é tornar o setor da construção mais circular.
Marko Krajner – CEO, sócio e fundador da 3ZEN, empresa que desde 2011 presta consultoria e oferece treinamentos em inovação sistemática e modelos sustentáveis. Trabalha com a certificação Cradle to Cradle — padrão global para produtos seguros, circulares e feitos de forma responsável —, em todos os setores, exceto médico e farmacêutico.
Do segundo painel, dedicado às soluções inovadoras e sustentáveis das startups participaram:
Jožef Meh, CEO da Satilu – Eco Village of Future, a primeira comunidade com energia 100% renovável. Criada há 10 anos, nesta vila, que usa o sistema aquaponic para a produção de alimentos — sem pesticidas, sem química e poupando 95% de água —, vivem 50 famílias que produzem duas vezes mais energia do que necessitam, por meio de fontes de energia renováveis.
Ana Carolina Nogueira Slivnik, da Eco Polymer, apresentou o projeto, que divide com Stephanie Haspo e Vanessa Sarkis, de extração da pectina da casca da laranja para a produção de biofilme, que pode ser usado como uma alternativa para o plástico convencional. Dentre as vantagens apresentadas por essa substituição encontram-se: a redução do consumo de energia não renovável e do desperdício de plástico, o que diminui o impacto sobre os oceanos, o solo e a biodiversidade, além de promover a sustentabilidade na produção do suco de laranja e a Economia Circular em escala industrial. O projeto é brasileiro, mas tem raízes na Eslovênia, já que Ana Carolina tem ascendência eslovena.
Robert Slavec – embaixador verde da Spirit; co-fundador e CEO da MyWater Technology, empresa que oferece um sistema de hidratação inteligente, evitando o desperdício e o uso de garrafas plásticas que, além de consumir energia não renovável, produz uma quantidade grande de lixo prejudicial à Terra.
Os vídeos sobre os projetos de duas empresas foram apresentados pela Nina Meglič da SRIP no quarto painel sobre a indústria da moda na Economia Circular:
IOS – Institute for Environmental Protection and Sensors, companhia que implementa pesquisa, desenvolvimento e consultoria na área de economia circular. Possui conhecimento em diversos campos e é uma referência na reciclagem de tecidos.
Tekstina – fundada em 1828, a empresa é uma das mais antigas produtoras têxteis na Europa. Seu projeto New Cotton, que já existe há cerca de três anos, desenvolveu uma fibra celulósica, a partir de resíduos têxteis, que é transformada para compor um novo tecido, reduzindo o desperdício no processo produtivo e a pressão nos recursos do planeta.
Na última hora do encontro, Anže Skodlar e Timotej Kozar, fundadores da Skozar- Legal & Venture, apresentaram no quarto painel os aspectos legal e tributário para quem quer investir na Eslovênia, com ênfase na Economia Circular. Skodlar começou falando sobre incentivos para investimentos verdes e triagem de investimentos, e Kozar explicou as implicações práticas no processo.
A Slobraz agradece a todos os convidados dos painéis, ao embaixador da Eslovênia no Brasil, ao secretário da Spirit Slovenia e a Mateja pela mediação do evento. Agradecemos também o apoio da Spirit Slovenia, do Minestry of Economic Development and Technology Slovenia e da Embaixada da Eslovênia em Brasília.