Desmistificando a implantação do 5G no Brasil

O nome 5G, apesar de sugerir somente uma atualização ao anterior 4G, na verdade esconde um salto tecnológico exponencial. Não se trata só da velocidade e da capacidade de absorção de dados que esse sistema de conectividade terá, mas de novas aplicações e aperfeiçoamento dos usos que vamos ter daqui para frente com a implantação do 5G, desde automóveis autônomos, ou seja, sem motorista, até máquinas totalmente comandadas por sistemas e sensores. Diante disso, teremos de nos adaptar como consumidores para usufruir dessa tecnologia e nos preparar, como profissionais, para permanecermos no mercado de trabalho.

Uma área que será bastante afetada é a da saúde, e a pandemia da Covid-19 já nos deu uma amostra de como ela será no futuro, colocando em prática o atendimento médico remoto. A telemedicina será o novo modelo de negócio e deve impactar toda a atividade médica. O ensino a distância, igualmente, ganhou destaque em nosso cotidiano durante esse período e deve crescer ainda mais.

Esses esclarecimentos sobre o que de fato representa a chegada do 5G no Brasil foram dados por Štefan Bogdan Barenboim Šalej, presidente emérito da Slobraz, e fundador da SGBN (Slovenian Global Business Network). Com um vasto currículo que engloba outras funções distintas: foi presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), na qual também foi presidente do conselho de meio ambiente; criou a Escola Técnica do Sebrae em Minas Gerais e participou de várias organizações internacionais, Dr. Šalej foi o entrevistado do “Corporate Digital Business”, projeto apresentado e idealizado pelo presidente do Sindinfor (Sindicato da Indústria de Software e da Tecnologia da Informação do Estado de Minas Gerais), Fábio Veras de Souza, no canal do YouTube da entidade, no qual especialistas e formadores de opinião C-level compartilham sua visão sobre tecnologia e inovação. 

Mestre em ciência política, consultor internacional e integrante do “Think Tank implantação do 5G do Brasil “— iniciativa conjunta da Escola Politécnica, do Instituto de Estudos Avançados e do Instituto de Relações Internacionais, com base na USP (Universidade de São Paulo) — Dr. Šalej destacou a importância da discussão sobre a implementação da tecnologia de comunicações de quinta geração no Brasil: “Talvez não tenhamos outro fenômeno tecnológico, mesmo considerando a internet e outros sistemas digitais nos últimos 50 anos, com um impacto na vida do cidadão tão forte e tão transformador como será o sistema de conectividade 5G”. 

Para ele, trata-se de uma mudança do paradigma tecnológico e precisaremos nos adaptar a essa nova realidade. “Será preciso criar um novo modelo de educação digital nas escolas porque no futuro os profissionais serão programadores também”, diz. Teremos dados disponíveis em maior velocidade, quantidade e qualidade, mas seremos capazes de aproveitar tudo isso? O questionamento foi um convite à participação no Think Thank, sediado na USP, que tem o intuito de promover o debate qualificado sobre a aplicação dessa tecnologia à mobilidade, educação e saúde, questões que afetam toda a sociedade.  

A vinda do 5G necessitará de uma evangelização digital, pois segundo ele, “para entender e receber essa tecnologia é preciso que nos eduquemos. Do contrário, como consumidores e como usuários, para que teremos 40 funções no celular se conseguiremos usar somente cinco?”

Outro ponto levantado foi a ideia equivocada de que o Brasil se encontra em desvantagem para participar do desenvolvimento da tecnologia de conectividade do 5G. Dr. Šalej citou o artigo “5G made in Brazil” da revista da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), que mostrou que somos capazes sim de dar nossa contribuição. Além disso, deixou claro que nenhum país ou nenhuma empresa sozinha poderá desenvolver 100% das necessidades que envolvem o 5G, o que significa uma grande oportunidade de desenvolvimento. Em suas palavras: “A cooperação para nos tornarmos competitivos será fundamental daqui para frente. As lideranças que falam sobre Indústria 4.0 se esquecem de que não se tem Indústria 4.0 se não houver conectividade e todos os sistemas de controles, de medição, sensores etc. Precisamos pensar de forma diferente. Pensar 5G”. 

Da mesma forma, salientou que é preciso que haja uma reorganização dos setores atuantes na área de telecomunicações e de um projeto por parte do Governo. Outros assuntos permearam a conversa, tais como: distorção regulamentária, agronegócio, questões geopolíticas e o cenário de tecnologia em Minas Gerais. O evento online mostrou definitivamente que a discussão sobre o 5G vai muito além da disponibilização de celulares com múltiplas funcionalidades pelas operadoras, podendo significar a diferença entre sermos simples compradores ou uma sociedade com capacidade de desenvolvimento.

O vídeo com a entrevista completa está disponível no canal do YouTube da Sindinfor:

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