Como se sabe, no passado, muitos imigrantes tiveram seus nomes “abrasileirados” ou modificados para a língua portuguesa, quando chegaram ao Brasil. O principal motivo, sem dúvida, era a diferença entre os idiomas, cuja pronúncia muitas vezes encontrava um equivalente no português que divergia da forma escrita no original. Assim o italiano Paolo virou Paulo; o inglês John, João e o francês Jules passou a se chamar Júlio. Esse é o caso também do sobrenome Toyansk, pelo qual é conhecido o frei Marcelo, originalmente Strojanšek, da Eslovênia.
A mudança, no entanto, não afastou Toyansk de suas origens. Sua mãe, descendente de eslovenos, fez questão de manter a língua e a cultura dos ancestrais, as quais ele perpetua em suas atividades como membro da União dos Eslovenos do Brasil (UEB) e professor do idioma para iniciantes. Além disso, os laços são constantemente reforçados no contato com a comunidade eslovena, que também é grande apoiadora dos projetos assistenciais do frei Marcelo.
Integrante da Ordem dos Franciscanos Capuchinhos em Santo André (SP), frei Marcelo é coordenador do Justiça, Paz e Integridade da Criação dos Frades Capuchinhos de São Paulo (JPIC), que em 2020, em parceria com a Pastoral da Moradia da Arquidiocese de São Paulo, criou a Campanha Solidária às Periferias de São Paulo para ajudar as comunidades carentes que estão nas regiões favelizadas mais afastadas da cidade.
O projeto cuida de questões de saneamento, geração de renda e ações emergenciais. E por causa da pandemia, que aumentou a precariedade das condições de vida de muitas dessas comunidades, o foco tem sido o combate à fome, com a distribuição de cestas básicas para as inúmeras famílias da Brasilândia, do Grajaú e de Parelheiros, áreas em que a ajuda social dificilmente chega. Isso só tem sido possível devido à contribuição financeira e às doações de cestas básicas, cobertores, móveis e itens de higiene.
Muitas doações têm vindo da comunidade eslovena no Brasil. No ano passado, a Slobraz dedicou 5% da renda das suas Cestas de Natal para a campanha, o que permitiu a compra de cestas básicas destinadas a algumas das famílias mais necessitadas da Fazendinha, comunidade com mais de 1.000 famílias da Brasilândia. Como o número de pessoas em situação emergencial é grande, o projeto prioriza as famílias de maior vulnerabilidade, por isso toda ajuda é fundamental. Frei Marcelo mantém um controle com o mapeamento das regiões e famílias assistidas pelo projeto, no qual cada número a mais significa menos pessoas passando fome.
Paralelamente ao trabalho em campo, é realizado o de divulgação do projeto, especialmente pelas redes sociais, com o intuito não só de angariar doações, mas de conscientizar a sociedade sobre a situação de miséria e de sofrimento ao nosso redor, principalmente decorrentes do momento de pandemia que vivemos. Frei Marcelo lembra que os eslovenos chegaram ao Brasil em um momento adverso também e essa sensibilidade com a vida é fundamental. E agradece o apoio da comunidade eslovena não só pelas doações, mas por ajudar a trazer à consciência das pessoas a importância da solidariedade. “A solidariedade nos humaniza, e o desenvolvimento de um país caminha junto com o desenvolvimento social e humano”, diz.
Para contribuir com a campanha de combate à fome, basta entrar em contato com o Frei Marcelo Toyansk pelo WhatsApp (19) 98134-0601.